quarta-feira, 12 de junho de 2013

"A Raposa"

Era uma vez uma raposa. Raposa que não posa para qualquer mariposa. Ela vai, rebola, vai com toda a bola. Até que uma bola a bate, abate seu coração. Foi o tal do cão. Chegou todo posudo, entrou mudo mas não ficou calado, ficou ao seu lado e tornou-se seu amado. A raposa ele atraiu, e depois a traiu. A raposa perdeu a pose, perdeu o coração, deixou-o no chão da mata. O cão a mata, por dentro, pelo centro do ego, se fez de cego e foi embora, embora tenha permanecido aquecido na cabeça da raposa. Mas depois passou a febre, a raposa conheceu a lebre e o lobo, podendo fazer cada um de bobo. Mas entrou muda e saiu calada, ela não é safada como aquele desprezível animal, mal entrou em sua vida e caída a deixou. Ela soube usar mas sem magoar. Aprendeu como dói amar, mar de rosas no começo e pesadelo de prosas no tardar. Se doeu nela, bela é por não machucar, pois também dói nos outros. A raposa cresceu, amadureceu e o coração endureceu, mas só por segurança. É difícil fazer alianças com fianças a pagar para coração. São tão dolorosas as lembranças de um amor...


- Rodrigo Rodrigues

terça-feira, 11 de junho de 2013

Sobre o amor de verdade...

É muito fácil querer o outro quando estamos sozinhos e nos sentimos carentes. É muito fácil amar o outro na mesa de bar, alterado pelo álcool, feliz da vida num sábado. É muito fácil achar que o outro é tudo o que queremos quando estamos muito bem ou muito mal com a gente mesmo. Difícil é amar o outro quando se está entediado, impaciente, acomodado ou no meio de uma terça feira nublada e cheio de trabalho pra fazer. A dura realidade é que amor, quando de verdade, existe e sobrevive àquele dia como mais um: sem graça, sem charme, sem extremos. Aquele dia sem altas risadas, sem gargalhadas, sem copos cheios. Amor de verdade é aquele que pulsa a nossa vida e continua a acontecer em dias comuns, cinzas e quietinhos.

(Larissa Bottas)